Estudo da Epagri revela que uso de pastagens perenes tem potencial para reduzir a emissão de gases de efeito estufa na pecuária

02.05.2024.

O solo com pastagens perenes pode emitir cerca de duas vezes menos óxido nitroso em comparação a pastagens anuais (Foto: Divulgação/Epagri)

Uma pesquisa da Epagri avaliou o potencial de aquecimento global em sistemas forrageiros e identificou que o solo, quando cultivado com pastagens perenes,  pode emitir cerca de duas vezes menos óxido nitroso em comparação a pastagens anuais estabelecidas com o revolvimento do solo.  Esse gás,  juntamente com o dióxido de carbono  (CO2) e o metano, são responsáveis pelo efeito estufa, mas é cerca de 300 vezes mais potente que o CO2 no aquecimento do planeta.

O solo com pastagens perenes pode emitir cerca de duas vezes menos óxido nitroso em comparação a pastagens anuais (Foto: Divulgação/Epagri)

O estudo foi conduzido durante cinco anos na Estação Experimental da Epagri de Lages e faz parte do projeto estadual Pecuária ConSCiente Carbono Zero, que visa desenvolver a pecuária leiteira com redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). Historicamente a Epagri dissemina o uso de pastagem para alimentar o gado de leite e de corte, com o intuito de promover sustentabilidade econômica, ambiental e social dessa cadeia produtiva. Os dados desse projeto serão apresentados no  Simpósio Sul Brasileiro ABC+ Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, no dia 3 de maio, em Florianópolis.

Na pesquisa foram avaliados sistemas de produção animal com pastagem natural, pastagem natural melhorada, pastagem perene e pastagem anual com revolvimento de solo. “Atualmente, inexistem informações sobre a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) e do sequestro de carbono desses sistemas para a realidade catarinense. Essas informações são de extrema importância, pois a partir delas pode-se escolher sistemas produtivos que mitiguem a emissão de GEE”, explica o pesquisador da Epagri e coordenador do projeto, Tiago Baldissera, 

Emissões de GEE na pecuária

A emissão de gases do efeito estufa é uma das responsáveis pelo aquecimento global. Segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), a agropecuária responde por cerca de 12% das emissões desses gases no mundo e, no Brasil, a pecuária responde por 76% das emissões do setor agropecuário. O metano é produzido durante  processo de digestão dos bovinos e o óxido nitroso é oriundo da aplicação de fontes nitrogenadas no solo, como os dejetos dos animais (esterco e urina) e de fertilizantes minerais, como a ureia.

Tiago explica que, apesar da pecuária emitir GEE, ela também pode promover o sequestro de carbono no solo, principalmente em pastagens produtivas bem manejadas. “O sequestro de carbono pode compensar totalmente as emissões de GEE. O relatório brasileiro de 2020 do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases do Efeito Estufa  aponta que no ano de 2019 o balanço de carbono em pastagens bem manejadas foi negativo, enquanto que pastagens degradadas emitiram esse gás. Por isso, boas práticas de manejo do solo e da pastagem devem ser adotadas”, salienta.

Tiago assegura que, a partir dos resultados obtidos pelo projeto Pecuária ConSCiente Carbono Zero  será possível estabelecer recomendações técnicas visando ao aumento da estocagem de carbono no solo, com potencial de incorporação de mais de uma tonelada ao ano de carbono.

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