Em matéria de sexo, o brasileiro sempre teve inclinação para o exagero. Fanfarrões adoram criar fábulas sobre o próprio desempenho. A maioria sabe que é uma farsa, mas insiste em contar vantagem.
Tem o caso daquele senhor de 60 anos, boa aparência, que procurou o médico para uma consulta de emergência. Constrangido, ele falou:
– Doutor, acho que estou com um grave problema. Imagine o senhor que ontem o meu amigo Silveira, seis anos mais velho do que eu, disse que mantém uma freqüência de no mínimo duas relações sexuais por dia, de segunda à domingo, chova ou faça sol, e sem tomar o azulzinho. Fiquei arrasado. Eu consigo no máximo uma vez por semana, e olhe lá, é aquela dificuldade. O que é que eu faço doutor?
O médico olhou para ele, sorriu e disse:
– Simples, faça como o seu amigo Silveira. Comece a mentir também.
A verdade é que a atividade sexual na fase mais madura da vida não é essa coisa toda que alguns querem fazer supor. A nossa vida sexual, você sabe disso, está inserida no meio de diversas outras necessidades e desejos humanos, que também são importantes. E ninguém vive em permanente estado de cio, a não ser os Silveiras da vida.
(Raimundo Martins, no Ensaio “Para Maiores de 35”)
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