Fruticultura orgânica no sul de SC

Florianópolis, 02.09.2021

Pitaia está entre as frutas que vêm conquistando espaço em SC.

São cinco hectares de uma paisagem verde que encanta e dá vida a uma variedade de frutas ao longo do ano. Assim pode ser descrito o pomar de Nadia e Ricardo Baesso, de Morro Chato, na cidade de Turvo (SC). Há cinco anos o casal decidiu investir na fruticultura orgânica e já colhe excelentes resultados. 

As variedades cultivadas incluem pitaia, abacaxi, bergamota Montenegrina, bergamota Ponkan, goiaba Paloma, laranja Umbigo, laranja Champagne, bergamota Murcott e bergamota Okitsu. Entre os cultivares em fase de produção estão a pitaia, que rendeu em média 6 mil kg no primeiro ano, o abacaxi com aproximadamente mil frutas, as bergamotas Montenegrinas com 6 mil kg e a goiaba que, também no primeiro ano, contabilizou 100 kg cultivados. 

Para fortalecer a atividade e aumentar a produtividade, o casal Baesso está entre os 196 produtores de sete grupos de Santa Catarina que participa do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) com foco em Fruticultura Orgânica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (FAESC), realizado em parceria com associações e Sindicatos Rurais. “Ingressamos no projeto em outubro de 2020 e está sendo uma maravilha. Com a ATeG e com o auxílio da agrônoma, que nos dá assistência, conseguimos melhorar em muitos aspectos como adubação, controle de praga, manejo, poda e solo”. 

Ao falar dos resultados, Nadia ressalta o aumento da produtividade, plantas mais sadias e frutas mais bonitas. “Com isso ganhamos um reconhecimento a mais no mercado”, realça a produtora.   

GRUPO ATEG NA REGIÃO SUL 

Sediada no município de Timbé do Sul/SC, a Associação dos Agricultores Ecologistas Vida Nova (AAEVN), liderada por Pedro Eliseu de Araújo Generoso, conta com 56 associados em seis municípios da região do extremo sul do Estado. Ao perceber algumas demandas internas de ordem técnica para melhorar a produção de frutas e a questão gerencial dos associados quanto às exigências legais para a produção orgânica, no início de 2020, os representantes da entidade buscaram informações sobre o projeto de Assistência Técnica e Gerencial desenvolvido pelo SENAR/SC. 

Com a supervisão regional de Sueli Silveira Rosa e do supervisor técnico Jaison Buss foi identificado que seus objetivos estavam de acordo com a proposta do programa. Segundo eles, desde então, a ATeG começou a ajudar os produtores da Associação dos Agricultores Ecologistas Vida Nova a superar os desafios no cultivo de frutas em sistema orgânico.

Em setembro de 2020 o SENAR/SC iniciou os trabalhos na primeira turma de ATeG Fruticultura no extremo sul do Estado em parceria com o Sindicato Rural de Timbé do Sul e AAEVN. O suporte técnico é conduzido pela engenheira agrônoma Lucinéia Vanzzetto e as ações são voltadas ao sistema orgânico de produção. Logo na sequência (novembro/2020), começou a segunda turma do programa, demanda que surgiu por iniciativa dos demais produtores associados por meio do Sindicato Rural de Turvo. As atividades são conduzidas pelo engenheiro agrônomo Juliano Zaccaron.

Atualmente fazem parte do grupo da ATeG Fruticultura Orgânica na região 56 propriedades nos municípios de Santa Rosa do Sul, Sombrio, Jacinto Machado, Turvo, Ermo e Timbé do Sul. O tamanho médio das propriedades é de 13 hectares, cultivando cerca de 4,5 hectares de frutas cada. 

A maioria dos produtores faz parte da Associação dos Agricultores Ecologistas Vida Nova, que tem parceria com comércio varejista de frutas orgânicas. A associação compra toda a produção oriunda das áreas orgânicas e comercializa em redes de mercados de Santa Catarina e Paraná. A entidade articula também a certificação auditada pela Ecocert Brasil. As principais culturas trabalhadas atualmente na região por esse grupo de agricultores incluem banana prata, banana caturra, pitaia e citrus. Porém. outras frutíferas têm potencial para o desenvolvimento de cultivos em sistema orgânico como o abacate, abacaxi, maracujá, melancia, entre outras.

Segundo Lucinéia e Zaccaron, as ações da ATeG junto aos agricultores da AAEVN incluem o planejamento das metas e objetivos a serem buscados pelas propriedades, controles gerenciais de atividades e financeiro, avaliação da qualidade do solo, monitoramento populacional de pragas, controle de doenças e melhoria nos processos pós-colheita.

Para a sequência dos trabalhos, as metas incluem o aprimoramento das técnicas de produção empregadas nas propriedades, a melhoria na qualidade das frutas produzidas, o aumento na produtividade e a capacitação dos agricultores para que sigam desenvolvendo suas atividades de forma mais organizada e eficiente.  Afinal, a perspectiva futura para a produção orgânica de frutas é de aumento na produção e na diversificação de espécies cultivadas, aliada ao crescimento na demanda de produto para consumo.

CENÁRIO NO ESTADO 

Segundo o último Levantamento de Dados sobre a Fruticultura Catarinense da Epagri, a safra 2017/18 no Estado apontou que os principais pomares representaram mais de 55,3 mil hectares da área colhida com mais de 13,5 mil produtores e com produção de 1,5 milhão de toneladas, gerando um valor bruto da produção (VBP) de mais de R$1,0 bilhão.

Entre as variedades com produção em constante crescimento em Santa Catarina está a pitaia que, conforme estudo da Epagri e das cooperativas Cooperja, de Jacinto Machado, e Coopervalesul, de Turvo, encerra a safra neste ano com um volume estimado em mil toneladas comercializadas, representando um crescimento aproximado de 60% em comparação à safra 2019/2020.

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