Desaceleração econômica mundial reduz exportações de SC em outubro

16.11.2023.

Estado registrou o quarto recuo consecutivo no ano (foto: divulgação Portonave)

Santa Catarina exportou US$ 826,7 milhões em outubro, valor 11,2% menor que no mesmo período do ano passado. Na análise mensal, o estado registrou o quarto recuo consecutivo, na série livre dos efeitos sazonais. A análise do Observatório FIESC mostra que as vendas externas têm sido restringidas pela desaceleração da economia global, reduzindo a demanda por produtos catarinenses.

“No topo da lista, as carnes de aves tiveram retração de 16,8% na mesma base de comparação. A queda na demanda do Japão, um dos principais compradores do produto, está entre os fatores determinantes para esse impacto no mercado internacional. No país, a desvalorização cambial e a inflação ainda persistente têm diminuído o consumo da famílias”, afirma o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.

A redução na demanda do principal comprador, a China, também impactou negativamente as exportações de carnes suínas. Este ano, os criadores de suínos chineses aumentaram a quantidade de animais para o abate, antecipando um crescimento no consumo interno que não se concretizou. Diante do aumento da oferta nacional, o país asiático reduziu suas importações do produto, resultando na queda de 65,4% nas exportações do estado em comparação com o ano anterior. Por outro lado, Santa Catarina ampliou as vendas do produto para as Filipinas, que se tornaram o segundo maior comprador e se igualando ao montante exportado para a China nos últimos três meses.

A crise econômica na Argentina também impactou o comércio exterior catarinense que, devido às dificuldades na balança de pagamentos, registrou queda de 33,4% nas compras vindas de Santa Catarina, em relação ao mesmo mês do ano passado. Produtos do setor de metalurgia e metalmecânica, como revestimentos de ferros laminados planos, fios de cobre, aços laminados planos e ferros laminados a frio, foram os mais afetados.

Esse cenário também tem a contribuição dos elevados níveis das taxas de juros nas economias avançadas, em especial nos Estados Unidos, que seguem restringindo as exportações de insumos para a construção civil. Em outubro, os principais impactos foram sentidos nas vendas externas de obras de carpintaria para construções, revestimentos cerâmicos, móveis para dormitórios e produtos em madeira.

Apesar dos resultados negativos, Santa Catarina teve destaque nas exportações de grãos e seus derivados, devido às safras recordes de soja e milho registradas em 2023. Na análise interanual, houve aumento dos embarques de soja para a China, farelo de soja para o Irã e de milho para a Coreia do Sul e para países do Oriente Médio.

A diminuição do comércio portuário foi parcialmente compensada por fluxos em outras vias de transporte. “O estado aumentou as exportações para a Bolívia e o Paraguai, onde prevalece o modal rodoviário, e para o Chile, que ampliou as compras de navios de pesca, transportados por meios próprios. Mesmo com a perda recente de participação, Estados Unidos e China permanecem como os principais destinos das exportações catarinenses, com 14,3% e 12,1% do total comercializado em outubro, respectivamente”, ressalta Camila Morais, economista do Observatório FIESC.

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