“Crédito assistido” garante inadimplência sob controle no microcrédito

Florianópolis, 26.05.2023.

No universo das microfinanças, a figura do agente de crédito é fundamental para o sucesso da operação. Posição geralmente ocupada por mulheres, são elas que batem à porta do cliente e analisam a situação financeira da família, boa parte em situação de vulnerabilidade, decidindo se o crédito será ou não concedido.

A expressão “bater à porta”, aqui, não é apenas figura de linguagem. Recrutados na própria comunidade em que trabalham, os agentes de crédito têm livre acesso e a total confiança dos clientes. Treinados para entender a situação financeira e capacidade de pagamento de cada um, só fazem a liberação quando tem certeza que há condições de quitar o empréstimo sem comprometer o orçamento doméstico. Este formato, chamado de crédito assistido, é que garante que a inadimplência se mantenha em patamares aceitáveis, ainda que tenha subido no pós-pandemia.

“Geralmente são famílias que não têm como oferecer garantias e na maioria das vezes não têm uma conta bancária que possa nos contar sobre o histórico financeiro. Porém, durante o processo, se a gente conclui que a família gera renda e que tem capacidade de pagamento, liberamos o crédito para que possa ter apoio e se desenvolver com as próprias forças”, diz Isabel Baggio, presidente da Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (ABCRED) e também do Banco da Família, instituição de microfinanças com sede em Santa Catarina.

A estratégia do crédito assistido vem dando certo no setor, embora a inadimplência no primeiro trimestre de 2023 tenha aumentado em comparação ao mesmo período do ano anterior. Para Isabel, a situação é resultado de um endividamento maior durante a pandemia, mas tende a estabilizar e a longo prazo até diminuir. “Se formos olhar o histórico da inadimplência no último semestre, já observamos a tendência de estabilidade”. Nos três primeiros meses deste ano, o índice chegou a 3,96%, praticamente o mesmo que no último quadrimestre de 2022.

As entidades ligadas à ABCRED liberaram R$ 890,3 milhões em mais de 154 mil operações de crédito no ano passado. Tem ao todo, segundo dados da ABCRED, uma carteira de clientes ativos que chega a 138 mil, com ticket médio de R$ 5,7 mil. O Sul tem o maior número de instituições de microcrédito, o maior volume de recursos liberados e também o maior volume de operações.

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