Agricultor de Angelina comprova a eficiência do SPDH diante de calor excessivo e de chuva intensa em SC

19.02.2024.

SPDH é o Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), que reduz em mais de 10 graus Celsius a temperatura do solo e melhora o ambiente. Propriedade está localizada em uma região com relevo acidentado e áreas de cultivo com bastante declividade (Foto: Aires Mariga / Epagri)

calor acima da média neste verão e o excesso de chuva registrado em Santa Catarina nos últimos meses não alterou a produção de hortaliças na propriedade dos irmãos Alexandre Luiz e Almir Francisco Hoffmann, em Angelina, na Grande Florianópolis. Eles produzem couve-flor, moranga e chuchu em uma área de 15 hectares, localizada em uma região com relevo acidentado e áreas de cultivo com bastante declividade, que ficaram intactas apesar do grande volume de água, bem como não foram prejudicadas pelo calor das últimas semanas.

O responsável por trazer essa tranquilidade para os agricultores é o Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), que prevê uma série de princípios, como a cobertura permanente com revolvimento apenas no berço de plantio, prática que promove a  proteção e a conservação permanente do solo. “Os efeitos das altas temperaturas não afetam os cultivos exatamente porque o solo está coberto. O SPDH reduz em mais de 10 graus Celsius a temperatura do solo e melhora o ambiente”, afirma o coordenador do programa de Olericultura na Epagri, Darlan Marchesi. 

“Durante as chuvas intensas, alguns pontos da lavoura ficaram mais molhados, mas a água foi absorvida aos poucos e não tivemos estragos”, conta o agricultor Alexandre, apesar da propriedade estar em um município que foi muito prejudicado no Estado. Angelina chegou a registrar 310mm de chuva em um período de quatro dias durante outubro de 2023, um dos meses em que Santa Catarina registrou 400% a mais de precipitação do que o previsto para o período.

Mas nem sempre foi assim. Por muitos anos a propriedade, que está na família desde a geração de seu avô, sofreu com perdas nas lavouras provocadas por chuvas intensas, além do ataque de pragas e doenças por conta das condições climáticas. Ele conta que ano mais marcante foi em 2010, quando a chuva “lavou a lavoura”, como ele descreve a grande erosão provocada, que carregou a terra para a estrada, deixando a via intransitável. Foi aí que procurou a Epagri em busca de uma solução, que prontamente sugeriu uma mudança radical no preparo do solo preconizado pelo SPDH.

A transição para o SPDH

O extensionista rural do município, Carlos Koerich, conta que Alexandre sabia que precisava mudar e chegou na Epagri ansioso e preocupado com as perdas de solo, como também com os gastos que elevavam o custo de produção. O primeiro passo foi saber como estavam as características químicas do solo.  Para isso o agricultor fez uma coleta de estratificada, para ter noção da  fertilidade e do pH em diferentes pontos da lavoura. 

“Essas informações eram necessárias para saber quais as intervenções a fazer na área. Após a correção desse solo, a próxima etapa foi começar a adubação verde, tanto de verão como de inverno. Alexandre é um produtor que investe muito nisso, pois tem a preocupação em deixar o solo coberto 365 dias por ano”, ressalta o extensionista. No verão, as espécies cultivadas pelo agricultor de Angelina são o feijão mucuna, o milheto e o capim papuã; já no inverno ele planta aveia, azevém e ervilhaca.

Uso de equipamentos para não compactar o solo

Alexandre conta que no começo não tinha conhecimento nem equipamento para usar na propriedade, mas nunca pensou em desistir. “Começamos a implantação do SPDH em pequenas áreas e fomos aumentando com o tempo. As lavouras antigas tinham o solo muito compactado, muito diferente de hoje”, relata. Carlos confirma que uma das dificuldades foi mesmo encontrar um equipamento para fazer o preparo de solo, visto que o terreno está em área montanhosa. “Fomos a Ituporanga conhecer a experiência de um produtor de cebola que usava o rotocar e Alexandre investiu em um. Esse equipamento foi a grande virada de chave para que ele não fizesse mais o preparo de solo convencional como vinha fazendo”, revela o extensionista.

Diferencial do SPDH

O SPDH se diferencia do modelo tradicional de cultivo de hortaliças devido à qualificação teórica e prática de sujeitos envolvidos na produção. O sistema é baseado, fundamentalmente, no conceito de redução substancial até a eliminação do uso de agroquímicos visando à promoção da saúde de plantas e, consequentemente, à obtenção de saúde do solo e da água, dos profissionais da agricultura, de suas famílias e consumidores.

O segredo do SPDH é promover a saúde da lavoura com práticas voltadas para o conforto das plantas. Isso significa reduzir o estresse relacionado a fatores como temperatura, umidade, salinidade e PH do solo, luminosidade e ataque de pragas e doenças. “Na nutrição da planta, é preciso seguir as taxas diárias de absorção de nutrientes ajustadas às reservas nutricionais do solo, aos sinais apresentados pelas plantas e às condições ambientais”, diz Zanella. Se a planta fica mais resistente, exige menos insumos para se desenvolver de forma adequada.

O agricultor de Angelina complementa o SPDH lhe dá um conforto financeiro, pois sabe que vai colher o que plantou. O retorno é ainda maior por conta da adubação química que não precisa mais ser feita, devido à matéria orgânica em abundância que transformou o solo, deixando-o muito fértil. Isso permite que o produtor cumpra com os contratos de venda com uma rede de supermercados. “Se produzisse mais, teria mercado, pois a demanda é grande”, diz Alexandre.

Santa Catarina conta atualmente com cerca de 4 mil hectares de lavouras conduzidas neste Sistema. A meta da Epagri é que até 2030 alcance os 7 mil hectares  cultivados em SPDH. Para tanto, extensionistas da Empresa vêm divulgando a prática em todo o Estado.

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