Primeira IG do oeste catarinense: Projeto Milhos Crioulos, de Anchieta

12.01.2024.

Projeto de Indicação Geográfica de milhos crioulos de Anchieta (Foto: arquivo MB Comunicação)

Elevar tradições da gastronomia, ampliando a cultura local e incentivando a economia são alguns dos objetivos da Prefeitura de Anchieta com a iniciativa da IG, Indicação Geográfica, voltada ao Projeto dos milhos crioulos. A idealização é da Administração Municipal de Anchieta e do Sebrae/SC e conta com apoio da Epagri, do Governo de Santa Catarina, do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar e da Cooperativa da Agricultura.

O estudo do IG foi lançado em março de 2022 para promover o produtor com padrão de qualidade e o consumidor. Desta maneira, é possível agregar valor ao produto final.

O gerente regional do Sebrae/SC no oeste, Udo Martin Trennepohl, destaca que o processo de aquisição da IG está em revisão documental pela equipe técnica e a previsão de retorno do pedido está prevista para fevereiro de 2024.         

“Após a entrega documental ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial, ele possui dois anos para deferir o pedido. Este é o único IG no oeste e do meio-oeste, uma grande conquista para nossa região, e que servirá de estímulo para outras cidades que possuem riquezas que podem ser valorizadas”, expôs.

As etapas em execução do IG são três eixos estratégicos e prioritários: estruturação do processo de Indicação Geográfica (IG), ações de mercado e fomento ao empreendedorismo criativo. A conquista do selo de Indicação Geográfica para o território de produção de grãos, pretende preservar as tradições dessa cultura gastronômica, proteger a região produtora nos aspectos culturais e econômicos e promover as variedades, além de acessar mais e melhores mercados. Estimula assim o empreendedorismo criativo atuante na agregação de valor ao produto.

O prefeito Ivan José Canci destaca que esse processo contribuirá para que a região seja reconhecida devido às características exclusivas e essencialmente ligadas ao meio geográfico, o que inclui os fatores naturais e humanos, além do processo de produção transmitindo entre gerações. “O registro da IG representa uma qualidade única e características somente encontrados nesse território, por isso reconhece o trabalho desses empreendedores que buscam uma produção de qualidade, geram empregos e renda. Além disso, fazem parte de uma estratégia de desenvolvimento territorial”, analisa.

SEMENTES COM HISTÓRIA

A produção de variedades do milho e sementes crioulas em Anchieta começou em paralelo à criação do município. De acordo com a secretária de Administração, Camila Baronio, quando os colonizadores ocuparam a área territorial, na década de 1950, trouxeram sementes para iniciar o cultivo do milho. “A partir dali foi mantida a cultura, que foi expandida ao longo dos anos, atingindo seu ápice de número de produtores e de guardiãs das sementes na década de 1990”, relatou. 

Atualmente, as entidades locais incentivam a disseminação da tradição, a produção das sementes crioulas e a fabricação da farinha do milho crioulo, que é comercializada no município. Ainda entre as iniciativas, Camila destaca a promoção da Festa Nacional das Sementes Crioulas, com a participação de lideranças de vários estados brasileiros e de outros países. Muitas pesquisas universitárias foram realizadas no Município com o propósito de analisar as propriedades das sementes, localização da produção, qualidade dos grãos e de que maneira o clima local interfere na formação das plantas. “Temos vários estudos científicos que contribuirão no reconhecimento de Anchieta como a principal produtora de sementes de milho crioulo do Brasil”, antecipou a secretária ao comentar que a produção abrange diversas propriedades locais, além dos municípios de Guaraciaba e Palma Sola.

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