Muito além dos serviços financeiros

Florianópolis, 10.05.2021

LUIZ VICENTE SUZIN - Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)

         As mudanças e transformações que afetam todos os setores da atividade laboral e empresarial atingiram, de forma particular, o segmento de serviços financeiros. A intermediação, a gestão de crédito e a oferta de centenas de produtos financeiros deixaram de ser privilégio dos Bancos. As novas tecnologias viabilizaram o surgimento das fintechs e dezenas de novas plataformas para pagamentos e movimentação de recursos.

         Utilizando as tecnologias mais avançadas e seguras sem abrir mão do atendimento humano – presencial ou à distância – convivem nesse ambiente as Cooperativas de Crédito. Elas são mais que instituições financeiras. Elas são, durante todo o ano, parceiras ativas de seus usuários-correntistas-cooperados, ou, em outra definição, seus verdadeiros proprietários. 

         O caso do cooperativismo de crédito em Santa Catarina é muito emblemático porque consegue expressar como esse vitorioso segmento está entranhado na vida social e econômica dessa singular unidade da Federação brasileira. Atuam em todas as regiões do território estadual 62 cooperativas de crédito que, juntas, representam 2,2 milhões de catarinenses. Esse imenso capital humano corresponde a 1/3 da população e a 73% de todos os associados/cooperados entre todas as cooperativas (de todos os ramos) registradas na OCESC.

Nesse período de pandemia, as cooperativas de crédito demonstraram grande capacidade de superação e resiliência, inovaram em serviços. Foram muito além do básico. Interpretaram cenários, diagnosticaram situações, modularam produtos e serviços e foram a campo oferecer soluções. Muitas atividades foram essencialmente assistenciais, em razão da gravidade do momento, mas outras foram de assessoramento, apoio e soerguimento.

Na análise desse cenário notabiliza-se, de forma natural, a expressiva presença de mulheres e de jovens no cooperativismo de crédito: quase um milhão de mulheres (exatamente 941.264) e 355 mil jovens estão associados às cooperativas de crédito em Santa Catarina. Nenhum outro setor do associativismo empresarial tem presença humana tão marcante e isso explica em boa medida o protagonismo desse ramo do cooperativismo barriga-verde. Essas duas personagens (mulher e jovem) são mais frequentemente seduzidas pelas iniciativas de natureza social/assistencial, cultural e empresarial, razão pela qual são figuras onipresentes no chamado terceiro setor.

A sociedade em geral e os gestores públicos em particular já perceberam o papel crucial das cooperativas no crescimento brasileiro e na geração de emprego e renda. Paralelamente à intensa atuação urbana, as cooperativas de crédito são tradicionais financiadoras da atividade rural.

Cresce a cada dia o reconhecimento das cooperativas de crédito como fomentadoras da economia local, indutoras da adoção de novas tecnologias, levando oportunidades de desenvolvimento e ofertando produtos e serviços em localidades remotas, onde promovem a inclusão e a educação financeira. Números do Banco Central do Brasil, recentemente divulgados, testemunham esse novo estágio: crescimento de 21% nos ativos, 19,8% na carteira de crédito e 23,7% de depósitos. Na pavimentação da retomada econômica, o cooperativismo cumpre importante papel, respondendo por 60% de cartel de crédito para micro e pequenas empresas, além de excelente desempenho em programas governamentais.

O cooperativismo de crédito, muito além dos serviços financeiros, exercita um ideário fundamentado no bem-estar e no crescimento de todos.

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