Precisamos duplicar a BR 282

Florianópolis, 05.05.2021

JOSÉ ZEFERINO PEDROZO - Presidente da Faesc e do Conselho de Administração do Senar/SC

O grande mérito da rodovia federal BR-282 é a integração territorial de leste a oeste de Santa Catarina. É a principal rodovia transversal sulbrasileira, ligando  Florianópolis ao município de Paraíso, na fronteira com a República Argentina. O grande público desconhece que entre Florianópolis e São José, a BR recebe o nome de “Via Expressa”. Confunde-se com a BR-101 no trecho entre São José e Palhoça, ponto no qual se separa para seguir em direção ao oeste,  atravessa a região da Grande Florianópolis vencendo a Serra Geral, corta o planalto sul, meio oeste, oeste e extremo oeste até atingir a fronteira Brasil-Argentina. 

As estatísticas confirmam, a cada ano, que entre as rodovias federais que cortam Santa Catarina, a BR-282 é a que tem mais acidentes fatais, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal. Essa periculosidade decorre de fatores estruturais (pista simples, subidas, descidas e muitas curvas) e fatores humanos (má formação técnica e cívica dos condutores despreparados e imprudentes).

Na condição de espinha dorsal do sistema rodoviário catarinense, a BR-282 é essencial para o escoamento da vasta produção agroindustrial do Oeste de Santa Catarina aos portos e aos grandes centros brasileiros de consumo. Por ela transitam milhões de dólares em produtos exportáveis que asseguram as divisas das quais o País precisa para sustentar seu desenvolvimento. Na verdade, é o único caminho para escoar as riquezas exportáveis do grande oeste.

Os números que realçam a extraordinária importância dessa rodovia são retumbantes. Essa via suporta cerca de 53.000 toneladas de carnes suínas e 30.000 toneladas de carnes de aves todos os meses, que resultam na maior parte dos 2,2 milhões de contêineres/ano embarcados pelos portos catarinenses. Sete em cada dez toneladas de carne suína e de aves exportadas pelo Brasil saem do Oeste catarinense. Somam-se a isso  grãos e lácteos transportados todo mês. Essa imensa riqueza exportável justifica as reivindicações pela sua melhoria.

É imperioso e é urgente duplicar a BR-282.

Hodiernamente, a BR-282 ostenta infraestrutura incapaz de comportar o número de veículos que trafega diariamente pelo trecho: são mais de 1.300 carretas por dia. Concebida como um ícone para integração política, econômica e cultural, não se previa crescimento tão intenso no transporte de produtos para exportação, o que representa milhões de dólares circulando pelas estradas.

Não há cálculo direto sobre os prejuízos que essa situação representa, mas estudos do Instituto de Pesquisas Rodoviárias e do DNIT informam que o mau estado de conservação da rede viária resulta no acréscimo do consumo de combustíveis em até 58%, no aumento no custo operacional dos veículos em até 40%, na elevação do índice de acidente em até 50% e na extensão do tempo de viagem até 100%. Estudos apontam que para cada US$ 1 dólar não investido em conservação e manutenção de uma rodovia serão necessários US$ 2,50 para restauração.

Não há dúvidas de que a rodovia está com sua capacidade esgotada. Chegamos a um estágio em que a reparação não resolve mais. A solução é a duplicação da rodovia federal.

A 282 representa uma questão emergencial, mas é necessário pensar de forma sistêmica, no corredor rodoviário que inclui as BRs 163, 282 e 470, do extremo oeste com alternativa para acesso aos portos de Itajaí, São Francisco e Itapoá. As BRs 282 e 470 sozinhas concentram cerca de 80% do volume de carnes destinadas aos portos. 

Santa Catarina, historicamente, não tem recebido os investimentos que merece: a arrecadação federal é de R$ 60 bilhões por ano e o retorno não passa de R$ 6 bilhões. É preciso mudar essa realidade.

Investir na melhoria, ampliação e eficiência da malha rodoviária barriga-verde – com atenção especial para a BR-282 – deve ser prioridade da sociedade catarinense.

Pelas razões expostas, apoiamos com entusiasmo a campanha pela duplicação da BR-282 que o Grupo Condá de Comunicação, com sede em Chapecó, lançou, pois a comunicação social é importante ferramenta para conscientizar a classe política, o empresariado e a população em geral sobre a vital importância dessa reivindicação. 

JOSÉ ZEFERINO PEDROZO, Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc)e do Conselho de Administração do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui