Epagri reabre Museu Entomológico de Caçador

Florianópolis, 16.11.2021

Museu da Epagri preserva mais de 10 mil artrópodes da fauna brasileira.

Depois de um ano e oito meses sem receber visitas por conta da pandemia da Covid-19, um dos maiores e mais importantes museus entomológicos de Santa Catarina reabre as portas no dia 17 de novembro com um evento para estudantes do município de Calmon. O museu, mantido pela Epagri na Estação Experimental de Caçador (EECd), ganhou um novo espaço e agora fica em uma sala própria para receber os visitantes e compartilhar conhecimento sobre mais de 10 mil exemplares de artrópodes da fauna brasileira. A reabertura faz parte das comemorações dos 30 anos da Epagri.

No evento, 40 estudantes de 8 a 14 anos e cinco professores da Escola Básica Municipal Margarida Maria Alves e da Escola Municipal Professora Erodith dos Passos Rodrigues vão conhecer a Estação Experimental da Epagri, a história do local, alguns laboratórios e o Museu Entomológico. O evento será realizado respeitando as restrições sanitárias, o distanciamento social e a limitação do espaço.

A nova sala do museu tem bancadas mais baixas, que facilitam a visualização do material, especialmente pelas crianças, que correspondem a aproximadamente 90% do público que visita o local. “Todas as caixas são conservadas em uma sala escura e com temperatura e umidade controladas, onde apenas os entomologistas do laboratório entram. Quando temos visitantes, tiramos algumas caixas e as levamos para essa nova sala específica do museu. Trabalhamos os assuntos de acordo com a idade dos visitantes”, explica Janaína Pereira dos Santos, pesquisadora em Entomologia da Estação Experimental de Caçador e responsável pelo acervo.

Insetos, aranhas, escorpiões e mais

No espaço, o público pode observar e aprender sobre vários artrópodes, especialmente insetos e aranhas, além de escorpiões, centopeias e ácaros. O museu ainda preserva uma pequena coleção das principais serpentes brasileiras, que fascinam os visitantes, especialmente as crianças.

Os exemplares que mais chamam a atenção dos visitantes são o bicho-pau e a borboleta-coruja. O bicho-pau é o inseto mais longo do planeta e é especialista em se esconder, pois tem a habilidade de se camuflar nos galhos das árvores. Os exemplares mantidos no museu da Epagri medem cerca de 22 centímetros. Já a borboleta-coruja faz mimetismo, ou seja, imita uma coruja, pois o desenho de suas asas é muito semelhante aos olhos da ave.  

O acervo do museu é utilizado nas pesquisas desenvolvidas pela Epagri e também como material didático para estudantes de escolas e universidades do Meio Oeste de Santa Catarina. “Temos aqui uma pequena amostra da biodiversidade da fauna brasileira. Para nós pesquisadores é muito importante ter acesso a esse material”, diz a pesquisadora Janaína. Ela acrescenta que, em 2017, o museu foi reconhecido com o selo e o registro do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

Educação ambiental e preservação

Desde 2009, o projeto “Conhecendo e aprendendo sobre biodiversidade: Epagri de portas abertas” é desenvolvido para orientar os visitantes sobre a importância dos artrópodes que são pragas na agricultura, os que transmitem doenças e os que são benéficos ao homem e à natureza. “O público aprende a reconhecer os animais peçonhentos e venenosos e recebe orientações em caso de acidentes domésticos com esses animais. Também explicamos as funções ecológicas dos insetos, a importância para a cadeia alimentar e os riscos de extinção”, explica Janaína.

Os visitantes ainda recebem informações sobre a preservação de insetos na natureza, educação ambiental, agricultura ecológica sustentável e métodos de manutenção da biodiversidade natural de ecossistemas. A equipe da EECd utiliza os conhecimentos desenvolvidos pela pesquisa e orienta os visitantes sobre os riscos do uso indiscriminado de agrotóxicos, apresentando outras formas de controle mais sustentáveis, ecológicas e de baixo custo.

Em dez anos, o projeto já atendeu mais de 10 mil pessoas, entre agricultores, professores, estudantes, pesquisadores e a comunidade em geral. Só em 2019, foram mais de 600 visitantes, na maioria estudantes de escolas e universidades. “Como resultado, tem-se aumentado o nível de conscientização da importância dos artrópodes como elementos fundamentais do ecossistema, pois nem todos são pragas e devem ser preservados”, diz Janaína.

História

O Museu Entomológico foi criado no início da década de 1980 como resultado do esforço de um pesquisador japonês e um brasileiro. Tetsuya Sugiura era perito da JICA (Agência de Cooperação Internacional do Japão), que tinha convênio com a Epagri, e veio para o Brasil dar assistência técnica aos produtores de frutíferas. O pesquisador se encantou com a fauna local e iniciou a coleta de insetos. Na mesma época, o pesquisador da Epagri Afonso Orth (atualmente professor aposentado de Entomologia da UFSC) fazia um levantamento das espécies de abelhas de Santa Catarina e ambos iniciaram a coleção entomológica.  

Os exemplares mais antigos do museu estão conservados desde aquela época. Os artrópodes são preservados em uma sala especial, com condições de temperatura, luz e umidade controladas. Esse ambiente possibilita que o material fique conservado por um longo período, evitando a deterioração natural e por agentes externos.

Como visitar

As visitas são gratuitas, guiadas e explicativas e podem ser realizadas com agendamento prévio pelos pelos telefones (49) 3561 6813 ou 3561 6814 ou pelo e-mail eecd@epagri.sc.gov.br.

O Museu Entomológico fica na Estação Experimental da Epagri de Caçador (EECd), no Laboratório de Entomologia: Rua Abílio Franco, 1500, Bairro Bom Sucesso.

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